domingo, 9 de setembro de 2012

COMO ERA DIFERENTE A MINHA PRAIA DO MEIRELES!


Inicio das obras da Avenida Beira Mar na década de 60.
Prefeito de Fortaleza: General Manuel Cordeiro Neto.















Era tudo tão diferente!
O mar tinha seu próprio espaça e num simples abraço engolia pedaços de praia, deixando na areia, umedecida, sua marca enegrecida, orlada pela espuma branquinha que a gente tinha até vontade de comer pensando ser algodão doce. Eram nossos sonhos e travessuras de criança, trago-as na lembrança como que se hoje fosse.
As ondas quebravam na paia e avançavam adentrando as casas, que ficavam na orla, obrigando, algumas, a construir quebra mar. Mas estes eram de pedra, belas, perfeitas, dispostas livremente, mas pareciam fazer parte da paisagem, não perturbavam o meio ambiente.
Todo o espaço era do mar e tinha que ser respeitado. Nas ressacas ele não tomava conhecimento da agressão de poucas obras que realçavam a construção local. Destruía tudo e depois tudo se reconstruía novamente. Era quase um delinqüente tentando se arrumar, tentando preservar seus espaços; vislumbrando que um dia o perderia, o progresso ia avançar.
Inconsequência do homem que não sacia a fome de poder, de possuir, de ter. Barreiras de concreto elevaram-se aos céus, ao leu, um desrespeito à beleza da beira mar. Barreiras de pedra foram colocadas de mar adentro tirando todo o encanto das ondas a quebrar e correrem livremente, espraiando-se, dominando o seu ambiente.
Tudo mudou! O mar sabia que um dia a liberdade lhe seria tirada. A cidade ia avançar com requintes de tecnologia. Foi bater em outras praias, destruir outras casas que chegaram também à orla. Alguém tem que pagar a agressão à natureza.
Como era diferente a minha Praia do Meireles!



Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 09/09/2012