Inicio das obras da Avenida Beira Mar na década de 60.
Prefeito de Fortaleza: General Manuel Cordeiro Neto.
Era tudo tão diferente!
O mar tinha seu próprio espaça e num simples abraço engolia
pedaços de praia, deixando na areia, umedecida, sua marca enegrecida, orlada
pela espuma branquinha que a gente tinha até vontade de comer pensando ser
algodão doce. Eram nossos sonhos e travessuras de criança, trago-as na
lembrança como que se hoje fosse.
As ondas quebravam na paia e avançavam adentrando as casas,
que ficavam na orla, obrigando, algumas, a construir quebra mar. Mas estes eram
de pedra, belas, perfeitas, dispostas livremente, mas pareciam fazer parte da
paisagem, não perturbavam o meio ambiente.
Todo o espaço era do mar e tinha que
ser respeitado. Nas ressacas ele não tomava conhecimento da agressão de poucas
obras que realçavam a construção local. Destruía tudo e depois tudo se reconstruía
novamente. Era quase um delinqüente tentando se arrumar, tentando preservar
seus espaços; vislumbrando que um dia o perderia, o progresso ia avançar.
Inconsequência do homem que não sacia a fome de poder, de
possuir, de ter. Barreiras de concreto elevaram-se aos céus, ao leu, um
desrespeito à beleza da beira mar. Barreiras de pedra foram colocadas de mar
adentro tirando todo o encanto das ondas a quebrar e correrem livremente, espraiando-se,
dominando o seu ambiente.
Tudo mudou! O mar sabia que um dia a liberdade lhe seria
tirada. A cidade ia avançar com requintes de tecnologia. Foi bater em outras
praias, destruir outras casas que chegaram também à orla. Alguém tem que pagar
a agressão à natureza.
Como era diferente a minha Praia do Meireles!
Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 09/09/2012