sexta-feira, 19 de outubro de 2012

SELVA FRIA



Fotografia: Kuarup Mawutzinin




Da selva fria de fios, aço e concreto, sólida, que invade a paisagem da minha varanda, nada salva da beleza da natureza que existia no lugar.
Concreta nos seus elementos, sólida na sua natureza, aparência que somente agride a alma de quem outrora conheceu a aurora por detrás do cajueiral nativo, onde revoadas de sabiás coco enfeitavam suas copas e se aninhavam num longo canto de amor.
Encantando no encanto do seu cantar, invadiam corações, sem sedução, fazendo chorar a alma dolente de quem conheceu o passado daquele ente, no contemplar, testemunhando um tempo de paz.

Nesta selva inapta, meu ser perdeu-se no pensar dos tempos de criança, quando o cajueiral dominava toda esta região do Meireles, quando ninguém aqui queria morar.
Somente o povo da região, periferia então, sabia das chuvas do caju, do canto da sabiá, do pendúculo vermelho a contrastar com o verde da folhagem espessa e galhos retorcidos pendentes em grandes copas, sombreando o lugar.
Somente os passarinhos, faziam seus ninhos e a alegria do ambiente sem compromissos, sem sacrifícios, sem conhecer violência, indolente, merecia um despertar.

Hoje me debruço na varanda e minha visão se perde no concreto indiscreto, sem emoção, e eu fico a pensar como o progresso é excesso na sua forma de ter. O prazer e os valores se transformam e nada mais informam do que será, da natureza encantada que se perdeu com a invasão da especularão imobiliária.

Fiquei somente nas minhas lembranças a me perguntar se vale à pena tanto progresso...



Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 19/10/2012

terça-feira, 16 de outubro de 2012

ALVARO E LÊDA - QUARENTA ANOS DE CASADOS

Meu amor lindo!

Nada mais maravilhoso, para nós, que este dia onde completamos 40 anos de casados. Aqui, nesta crônica, para ti, rendo minha homenagem à mulher especial e maravilhosa que fostes. Exemplo e sabedoria como esposa e mãe.

Esta crônica é meu presente para perpetuar o nosso amor!


Nestes tempos atrás, na Rural Willys, verde militar do papai, seguíamos cheios de amor, felizes, pela rua Carapinima até a oficina mecânica do Tavares. Eram 17 de outubro de 1972 e íamos pegar galhos de Fícus Beijamina para decorar a Igreja do Líbano. Aquele era o dia em que receberíamos o belíssimo sacramento do matrimônio; começava uma nova história, nascia uma nova família, a Nóbrega de Oliveira.

Decorridos quarenta anos de união, vivemos também uma história de purificação na água, como viveu Noé no dilúvio (quarenta dias e quarenta noites), de purificação na alma, como viveu Moises no Êxodo (quarenta anos) e de purificação no espírito, como viveu Jesus no deserto (quarenta dias e quarenta noites) com fome e sofrendo tentações. Todas estas passagens de purificação também vivenciam a nossa caminhada ao longo dos nossos quarenta anos de casados, construídos com as graças de Deus que nunca nos abandonou.

Nossa história foi uma história de amor, muito amor, construindo nossa paz na unidade, semeando nossas sementes na comunhão e colhendo nossos frutos no labor intenso enfrentado com garra e disposição.

Bebendo da mesma fonte, superamos em muito as tribulações vividas e valorizamos os momentos de harmonia conseguindo construir uma bela família. Bela por dentro e por fora. Bela na moral e nos princípios éticos. Bela nos horizontes de cada um, nas uniões que resultaram e nos novos frutos que frutificaram.
Nestes anos, que representam o rubi da nossa vida, agregamos pérolas, que transformaram nossa condição de ter em sermos co-autores da criação, como Deus desejou para que suas graças derramadas se transformassem em graças recebidas.
E estas perolas, que hoje são o nosso maior tesouro, frutificaram outras, perpetuando a nossa união como unidade espiritual na eternidade.

Em ti, Leda, meu amor, meu maior tesouro, minhas raízes encontraram terreno fértil para a perpetuação deste tempo que se passou para um novo tempo de contemplação, onde todas as nossas conquistas são transformadas em redutos de paz e muito amor.
Nossa aliança, hoje, se renova e nos realiza como casal provedor da espiritualidade na nossa família, como referencial para as gerações futuras.

Que Deus nos abençoe nesta nova caminhada que se refaz e que sejamos felizes nos nossos projetos e realizações tão merecidos e tão desejados.

Te amo muito!

Casal: Alvaro de Oliveira Neto e Lêda Maria Nóbrega de Oliveira
Casamento: 17 de Outubro de 1972
Filhos:
Camille Nóbrega de Oliveira                1973
Lúcio Flávio Nóbrega de Oliveia          1975
Alvaro Augusto Nóbrega de Oliveira    1984
Louise Nóbrega de Oliveia                   1986



Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 17/10/2012

sábado, 6 de outubro de 2012

O ABRAÇO DE UM VENCEDOR

Fotogafia: Priscilla Barbosa
Tratamento e edição de imágem: Kuarup Mawutzinin
Personágem: Alvaro Augusto Nóbrega de Oliveira
Cidade: New York



Hoje acordei com o sentimento de que seria um dia especial. O sol mais sol, o céu mais céu, o verde mais verde, as cores mais intensas, o dia mais felicidade, a cidade mais poesia, o olhar mais profundo, a alma mais contrita na paz do mundo.
Deus falava ao meu coração!

Deparei-me, ao iniciar minhas atividades, com esta fotografia belíssima postada no meu Facebook. Raros os momentos em que se transfere, com um simples olhar seguido de um click, tanta informação com tanta beleza.

Nela a natureza se queda ante a ação do homem sem perder sua grandeza e fala para o coração que sonhar é mais do que um simples pensar. É acima de tudo uma atitude de prazer que penetra
no mais profundo do ser e faz do sonho uma posse, abrindo-se na mente um querer constante de vencer.

Vencer é o carisma dos que sabem olhar o mundo com gratidão e não se curvam às necessidades de buscar sempre um horizonte, ainda não atingido e plenamente viável pela capacidade que se coloca dentro de si, com conquistas elevadas além do prazer de ser vencedor.

Um abraço em New York, a cidade cosmopolita que compreende todas as conquistas universais e representa a síntese do mundo moderno, é a postura assumida pelo personagem, um vencedor, que traz na alma o desejo de crescer. E crescer é exatamente o verbo conjugado por ele quando do alto contempla o mundo com uma atitude de vitória e ao mesmo tempo alegria, fé e esperança.

Este é o sentimento que nos informa o olhar do olhar que capta a verdadeira mensagem de quem quer transmitir as profundezas de sua alma e transformar seu tempo em tempo de frutificar.

Contemplar a verdade com atitude de grandeza, faz do homem o próprio desejo de Deus em perpetuar na sua criação o dom da vida.


Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 06/10/2012

terça-feira, 2 de outubro de 2012

SONHOS E REALIZAÇÕES




Aos quinze anos o meu sonho era ser Psicólogo. Caminhar nos segredos da alma compensava minha necessidade de conhecer. Fazia-me tomar posse de tempos perdidos. Mas aos poucos a arte foi tomando conta do meu ser e tomando conta também dos meus desejos mais profundos. Criar, conceber era algo novo e me fazia observar de tudo o que me rodeava. Transferia para a tela a alma do que eu olhava. Daí me nasceu, na pintura, uma arte figurativa, que levou-me aos caminhos do abstrato e finalmente descobrir os volumes da arquitetura.

Lê Corbusier e Oscar Niemeyer despontavam como expoentes e aquilo me fascinava.
Brasília era um marco que transformava o Brasil artística e historicamente; era a liberdade invadindo a alma do artista brasileiro e esta invasão preencheu meu espírito.
Parti para o Rio de Janeiro. Fui estudar na Faculdade de Arquitetura da Universidade Nacional do Rio de Janeiro. Primeiro lugar no vestibular e o reconhecimento da minha capacidade de vencer.

Em 1965 iniciou-se no meu ser o desejo de conquista e a certeza de que eu podia. Dois anos de Rio de Janeiro e voltei para Fortaleza ingressando na Faculdade de Artes e Arquitetura da Universidade Federal do Ceará. Faculdade modelo e que representava, então, o melhor que se tinha em ensino de Arquitetura no Brasil.

Formei-me em Arquitetura e Urbanismo e fui para a tão sonhada Brasília, chefiar a Secção de Arquitetura da NOVACAP (Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil). Tive neste tempo contato permanente com celebridades da época, inclusive Burle Marx e Sergio Bernardes. Com dois anos e meio, depois de passar na assessoria da Diretoria de Edificações, como seu substituto imediato, deixei a Companhia e alcei novos vôos na área empresarial. Eu era um empreendedor nato, vocacionado pela vivência que experimentara ao lado do meu pai em tantas empreitadas.

Segui os caminhos da arquitetura e do comércio abrindo lojas de moda juntamente com a minha esposa. Percebi nela, também, o carisma comercial e trabalhei para desenvolver este dom, que aflorou como um furacão, dando-nos imediatamente frutos abundantes.
O fato é que o comercio nos trouxe melhores resultados financeiros e a moda começou a correr intensamente no meu sangue.

Daí, em 1982, nasceu em Fortaleza a Granffa Indústria de Confecções Ltda. Buscávamos suprir a deficiência que existia na criação de moda gestante e logo fomos premiados como os melhores deste seguimento no Brasil. Mas o destino quis mudar o nosso rumo e em meio a tribulações, causadas por questões de saúde, fomos obrigados a fechar a indústria e prosseguir no mercado como varejista.

Diminuímos a intensidade de trabalho até resumi-lo em uma única loja no Shopping Center Iguatemi, que hoje é especializada em moda tamanhos grande, senhoras e na terceira idade.

A moda me levou aos caminhos da pós-graduação em Marketing e a busca incessante pela excelência.
Hoje, junto da minha esposa, com a qual sempre caminhei em todos os empreendimentos, minha companheira inseparável de todas as vitórias, divido meus conhecimentos, com ela e meus quatro filhos, meus parceiros de loja e minha liberdade.
Sou um homem plenamente realizado!


Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 02/10/2012