quinta-feira, 29 de março de 2012

MATERIALIZARAM DEUS!


Em nome de Deus os homens estão matando seus filhos, exterminando seus irmãos, tomando, saqueando, destruindo.
A loucura toma conta e a agressão desponta como se fosse defesa, sem medida, sem respeito aos direitos, sem olhos aos horizontes.
O mundo não só está morrendo de fome, está sem nome, morrendo sem conhecer a paz. Na guerra os novos donos do trono, transformam a terra num rio de sangue, sangue de inocentes, no solo mãe pátria, sem chão. Guerra pelo poder, guerra pelo dinheiro, guerra de traficantes, terroristas, dementes, signatários de pactos com o mal, estão deixando a terra em combustão, em total desintegração. É a dignidade roubada, sem licença, sem perdão, sem querer saber quantos vão morrer, tomados pela força, explodindo bombas humanas. Pobre coração que chora seus filhos vitimas da podridão que mata em nome de Deus!
Que governo detém sua soberania frente ao poder bélico que se expande e transforma medíocres em maquinas de destruição?
Ontem foi o povo do Afeganistão, depois o povo do Iraque, amanhã quantos serão? Quem sabe seremos nós, brasileiros, “quase donos” do único pulmão que agoniza ante a sanha dos predadores da natureza.
Nossa Amazônia! Já tida no exterior como patrimônio da humanidade. Até quando será nossa? Ou será que já não é mais? Se já entregamos outros patrimônios vitais a segurança nacional, se já perdemos o controle das telecomunicações, da energia, dos bancos, com certeza já existe algum papel preparando, digerido e defecado, declarando unilateralmente: Convocamos os brasileiros residentes na Amazônia a desocuparem imediatamente esta área, pois ela será ocupada, em nome de Deus, por estrangeiros, para o bem de todos e felicidade geral da nação!
Materializaram Deus!


Alvaro de Oliveira
Orlando, 29/03/2012
Esta Crônica escrevi em 11/09/2001

terça-feira, 27 de março de 2012

REFLEXÕES NO COOPER



Ontem, depois que concluímos o labore, ou seja, toda a limpeza e arrumação do apartamento que estava fechado, desde que fomos para Fortaleza, saímos para o nosso primeiro dia de Cooper.

É importante dizer que, aqui em Orlando, nós fazemos questão de realizar os serviços domésticos, mesmo porque, a mão de obra serviçal é muito cara e na verdade para nós é um lazer. Preencher com prazer o nosso tempo é uma das nossas metas. Também, aqui tudo é muito prático e os produtos disponíveis para limpeza são de muita eficácia. Desde o aspirador de pó, aos produtos líquidos, funcionam mesmo!

Mas voltemos ao Cooper. Quando saímos já eram 19 horas e o sol ainda estava bem forte obrigando a Leda a usar viseira. Saímos, como sempre, caminhando por entre árvores e gramados, com privilegiada vista para lagos e fontes. É insuperável a beleza que desfrutamos nestas caminhadas.

Depois de um tempo, caminhando, passei a refletir sobre a confusão que está o transito em Fortaleza e nas grandes cidades do Brasil. Um dia brinquei com meu sobrinho que mora em São Paulo e postou no seu Facebook:
                                   - Enfim pedalando na estrada!
                                   Respondi :
                                   - Que maravilha, respirando ar puro, puro fuligem!

Passei a contar as motos que cortavam os carros pelo estreito corredor entre eles e às vezes quebrando o retrovisor. Que espanto! Nenhuma! Aqui elas ocupam rigorosamente o lugar de um carro e praticamente não existem como condução do dia a dia. Menos de 0,1% em relação aos carros, com certeza. O americano, que dizem em dificuldade, ainda tem dinheiro suficiente e consomem e compram carros e não motos. O entregador de pizza usa um carro. Não tem moto boy, nem moto táxi.

Porque então sofremos tanto com nosso transito em Fortaleza que teve a última intervenção no sistema viário nos primeiros quatro anos de mandato do prefeito Juracy Magalhães? Será que o planejamento previa mais de 20 anos? Se assim foi, erraram! Está tudo errado!
Precisamos descobrir o Planejamento Urbano. E olha que temos uma Faculdade de Arquitetura e Urbanismo com competentes profissionais. Precisamos divulgar isso pelos jornais e televisão para que a população saiba das nossas capacidades e o poder público possa usar suas competências. É tempo de mudanças! Vamos usá-la!

Será que nossos governantes e legisladores não viajam? Será que eles desconhecem o progresso?

Para onde vão nossos impostos?


Álvaro de Oliveira
Orlando, 27/03/2012

sexta-feira, 23 de março de 2012

MACUMBA NA FLORESTA DA TIJUCA

Folheando a revista da TAM me deparei com uma reportagem sobre a Floresta da Tijuca. Imediatamente meus pensamentos viajaram para 1965, quando, por dois anos, morei no Rio de Janeiro.

Nos finais de semana, ir a Floresta, era um dos passeios favoritos do Tio Décio* e eu era o seu companheiro inseparável nesses passeios. Isso me agradava! E como ele se divertia! No caminho de ida sempre parávamos para comprar bananinha ouro e jaca. Ele descia do carro, pechinchava e ali mesmo se deliciava com as frutas, fresquinhas, vendidas na beira da estrada. Estes momentos já valiam o passeio. Confesso que na minha santa ignorância e timidez eu não entendia a dimensão daquele prazer. Mas era muito bom ver a felicidade nos olhos e no sorriso dele.
Pechinchava, mas sempre cedia, era um homem justo e bom. E a Tia Nini acompanhava na sua mansidão de sempre, sorridente, como se nada estivesse acontecendo.


Quando chegávamos ele se transformava. Virava pesquisador. Se embrenhava pelas trilhas, como se as conhecesse profundamente e ia me mostrando cada detalhe. Pra tudo tinha um comentário. Era uma delícia! Ele adorava este passeio e eu também. O fato é que o tio Décio queria mesmo era encontrar os despachos de macumba que se fazia na noite anterior. Não aquietava enquanto não achasse um. E quando encontrava, se agachava e começava a separar as coisas. Eram as velas, a cachaça, a galinha assada, sem nenhum receio. Ele se divertia me mostrando e comentando a crença. Pra ele aquilo era uma grande aventura e pra mim uma oportunidade de desfrutar da sua companhia.


Como eu aprendi com o Tio Décio!
Como sua simplicidade me influenciou!

Alvaro de Oliveira
Voando para Orlando, Fl
22/03/2012


*O Tio Décio é o Juiz Décio Xavier Gama, que ainda hoje mora no Rio de Janeiro, no bucólico bairro do Grajaú e é casado com a Tia Nini – Anadir – irmã do meu pai.

quinta-feira, 22 de março de 2012

IMPOSTO AO CONTRÁRIO


Hoje dedico meu tempo entre Fortaleza e Orlando. Duas cidades completamente diferentes em tudo. Nas duas eu vivo os meus momentos. Momentos conquistados plantando meus sonhos. Uma vida! Sonhos que dividi com minha querida, minha amada e linda Leda.

Nas duas cidades sou muito feliz. Na primeira eu nasci e a outra adotei e a chamo de Paraíso.
Difícil de entender? Não! Paraíso mesmo, esta é a melhor forma de descrevê-la em uma única palavra.

São valores que lá encontrei que me dão esse sentimento.
No momento digo de uma só vez:


Orlando não tem transito violento, nem violência no transito, não tem violência nenhuma, só sorriso de quem pensa.


Não tem mendigo! Se digo é porque sei! Não tem moto te cortando, nem buraco na rua, nem transito engarrafado.


Não tem galerias entupidas, não tem poluição! Lá é só um verdão! Um verde que toma conta de tudo e as ruas e as casas fazem parte dele.


Não tem carestia, porque não tem inflação e o nosso tostão vale mais que o deles.


Como seria bom se você, ai do Brasil, que me lê, pudesse mudar o nosso Brasil, pelo menos o meu Ceará ou a minha Fortaleza Bela, que dela se arrependeu.


É tanto buraco, tanta moto, tanta morte, tanta violência, tanto craque, tanta infelicidade, que nem o caranguejo com uma cervejinha, no fim de semana, na praia, dá mais conta de equilibrar as coisas.


Nem o futebol! Os craques foram tudos embora. Só resta a fuleragem! O Ceará e o Fortaleza, rebaixados, beleza, não fazem mais a alegria do pobre. Pra não falar do cenário nacional.

Você que é doutor vereador, que dor, ou amigo de algum, de alguém que faz leis, que faça ao contrario, tudo o que é horário, que fique anti-horário e quando a população sofrer e tiver prejuízo por falta de trabalho, saúde, educação, por excesso de buracos na pista, pela insegurança, que o governo invista pagando uma multa para o povo.


Quero ver se assim eles se ajeitam e fazem tudo direito!

Alvaro de Oliveira
Voando para Orlando
22/03/2012

EVANGELIZANDO NO SILÊNCIO


Ontem fui ao aniversário de 90 anos do tio Zé.
Em um certo momento, do alto de sua sabedoria, ele virou-se para a esposa e disse:
            - Ivo, acho que estou ficando velho!

O tio Zé é assim, evangeliza somente com sua presença. Ele é o viver no presente a Parábola dos Talentos.

A Vida é o grande ensinamento e o maior Valor que recebemos de Deus. É um dom insuperável a ponto de ter sido transformada em parábola por Jesus para que os seus o compreendessem.

O tio Zé, como todos nós, recebeu este dom da Vida, que tanto valorizou e começou a perceber com 90 anos que esta ficando velho.
Com certeza esta percepção fez com que ele fizesse, dentro do seu coração, uma revisão de tudo o que plantou e tudo o que produziu neste longo tempo. E sua satisfação foi plena porque para ele agora é que começou a velhice.

Dentro do seu coração pulsa a alegria de poder prestar contas com Aquele que lhe deu a Vida, os Talentos que prega a parábola.
E ele sabe que vai pode dizer:
            - Deste-me 10 e aqui tem mais 10!

Olhando para este homem, sinto uma imensa necessidade de saborear seus conhecimentos!
Mas, só no olhar para ele, e poder contemplar a sua alegria em reunir toda a família, ver ali, colado a ele seus frutos, todos frutificando em terreno fértil, me satisfazem o prazer de poder ser evangelizado no Silêncio.

Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 18/03/2012