segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

REFLEXÕES SOBRE O DIA DE NATAL


Crianças no lixão... num dia qualquer de Natal.


Hoje, quando eu voltava do Shopping,
onde presenciei milhares de pessoas se acotovelando nas compras, no consumismo, se endividado;

Hoje, quando eu voltava do Shopping,
observando as ruas repletas de crianças pobres, paradas nos sinais de transito a pedir esmola, sem pais, sem nem mães, crianças nuas, de rua;

Hoje, quando eu voltava do Shopping,
uma amiga nos telefonou para contar que tinha sido assaltada as 11 horas da manhã na avenida Beira Mar em Fortaleza, levara vários murros na cara e o namorado uma facada na fronte, tudo porque não tinha bens nem dinheiro;

Hoje, quando eu voltava do Shopping,
pensava nas milhares de pessoas esbanjando dinheiro em suas farras, em suas festas natalinas, com presentes;

Hoje, quando eu voltava do Shopping,
pensava na falta de liberdade dos viciados, dos dependentes de droga, álcool, fumo, dos solitários;

Hoje, quando eu voltava do Shopping,
pensava nas desigualdades, na fome, na dor, na guerra, no clamor de povos oprimidos, nas duas mulheres que morrem por hora no Brasil vítimas de violência dos seus companheiros;

Hoje, voltando do Shopping,
Finalmente, pensei na Família Sagrada.
Na mensagem que esta família, escolhida por Deus, deixou e que ninguém hoje, dia em que celebramos o nascimento de Jesus, lembra-se;
Hoje eu convoco os cristãos, os budistas, os taoistas, os espíritas, os mulçumanos, os judeus, os povos de todas as religiões a se aprofundarem, em reflexão, na verdadeira mensagem do Natal.

Diga um não a tudo o que te aprisiona, vícios que te matam, companhias que te destroem;

Diga um não a você, egoísta, egocêntrico, adorador do vil metal;

Diga um "SIM"... a Jesus...

Segui-lo dói!

Mas é uma dor, que constrói, cujos frutos são como favos de mel...

E que dor maravilhosa é sentir a dor de não estar corrompido pelo mal...

Liberte-se hoje
destas amarra que destroem a sua vida...

Liberte-se hoje
das mentira que você se conta
até que elas tomem conta da sua alma e a façam perecer nas chamas, que consomem tudo o que de melhor você tem... A VIDA!

Aproveite este dia de Natal para se aprofundar nesta reflexão...
É Único!

Sejamos
Mais humanos,
Mais solidários
Mais justos

Começando com você...
Depois...
...o seu pai e a sua mãe
...os seus irmãos
...a sua família
...o seu lar
...os seus parentes
...os seus amigos

E ampliando o círculo
Vá até que ele envolva
Conscientemente
O mundo!


O Natal é o
Despertar para a Humanidade
Despertar para a Solidariedade
Despertar para a Injustiça

Estes foram os
Passos percorridos
Pela Família Sagrada...

Este é o
Jesus Verdadeiro
E que ninguém
Homenageia...



Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 24/12/2012

terça-feira, 6 de novembro de 2012

MARIA E O MAR



Eu estava na praia a contemplar o mar. Batia e voltava, batia e voltava, no quebra-mar de pedras, ainda hoje, único monumento preservado naquele pedaço de mar da minha praia. Lembranças!

Eu olhava para o mar e pensava em Maria. De um modo especial, em Maria de Nazereth.
E também pensava no mar!

Dois entes especiais que a natureza divina colocava, naquele momento, no meu caminho para que eu pudesse contemplar a beleza.

Em um eu podia ver, e tocar, e molhar minhas mãos e meus pés. Podia sentir-lhe o calor acumulado nas águas, a leveza de ser água, a liquefação do ter, um corpo inteiro molhado.
Incansável no seu ir e vir, batendo no quebra-mar. O contar com o silêncio de um cantar; era a natureza mostrando toda a beleza do seu inconsciente que nada mais tinha a guardar.

A Maria eu não tocava, não via, não sentia seu calor, nem seu corpo molhado, mas sabia que ela ali estava, do meu lado, como mãe extremosa a me tocar, a cuidar do meu ser, a me apresentar aos anciãos no templo da natureza.

E a água batia e voltava nas pedras do quebra mar cantando sempre a mesma canção.
Por que eu pensava em Maria, se ela não falava, não contava seus argumentos, nem no mar tocava com suas mãos, nem parava pra me olhar? Esta Maria dos meus devaneios era uma Maria muito especial.

Real, irreal, real, irreal, um vai e vem sem causa...

Mas era especial como aquele mar. Calma, mansa, batia e voltava. Era especial! Especial como todas as mulheres escolhidas para serem especiais porque gerariam no seu útero seres especiais, filhos especiais de um Deus especial e que tinha naquelas mulheres especiais a condição necessária para gerar seus filhos especiais.

O mar era especial como Maria!

Dolente, indolente, dolente, indolente, ele era especial e trazia no seu útero o liquido amniótico, alimento da natureza, idêntico ao liquido do útero de Maria e de todas as Marias especiais com filhos especiais.

Ela sabia de tudo. Do filho especial que teria; sabia até que não poderia evitar esta dor.
O mar não sabe, mas guarda, no seu útero, as batidas nas pedras como batidas de um coração a cantar a solidão.

Eu estava a contemplar e via no mar Maria embalando Jesus no seu vai e vem, vai e vem, vai e vem...

O mar batia nas pedras do quebra-mar e no seu vai e vem era calmo; era como se guardasse tudo no seu coração...


Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 06/11/2012

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

SELVA FRIA



Fotografia: Kuarup Mawutzinin




Da selva fria de fios, aço e concreto, sólida, que invade a paisagem da minha varanda, nada salva da beleza da natureza que existia no lugar.
Concreta nos seus elementos, sólida na sua natureza, aparência que somente agride a alma de quem outrora conheceu a aurora por detrás do cajueiral nativo, onde revoadas de sabiás coco enfeitavam suas copas e se aninhavam num longo canto de amor.
Encantando no encanto do seu cantar, invadiam corações, sem sedução, fazendo chorar a alma dolente de quem conheceu o passado daquele ente, no contemplar, testemunhando um tempo de paz.

Nesta selva inapta, meu ser perdeu-se no pensar dos tempos de criança, quando o cajueiral dominava toda esta região do Meireles, quando ninguém aqui queria morar.
Somente o povo da região, periferia então, sabia das chuvas do caju, do canto da sabiá, do pendúculo vermelho a contrastar com o verde da folhagem espessa e galhos retorcidos pendentes em grandes copas, sombreando o lugar.
Somente os passarinhos, faziam seus ninhos e a alegria do ambiente sem compromissos, sem sacrifícios, sem conhecer violência, indolente, merecia um despertar.

Hoje me debruço na varanda e minha visão se perde no concreto indiscreto, sem emoção, e eu fico a pensar como o progresso é excesso na sua forma de ter. O prazer e os valores se transformam e nada mais informam do que será, da natureza encantada que se perdeu com a invasão da especularão imobiliária.

Fiquei somente nas minhas lembranças a me perguntar se vale à pena tanto progresso...



Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 19/10/2012

terça-feira, 16 de outubro de 2012

ALVARO E LÊDA - QUARENTA ANOS DE CASADOS

Meu amor lindo!

Nada mais maravilhoso, para nós, que este dia onde completamos 40 anos de casados. Aqui, nesta crônica, para ti, rendo minha homenagem à mulher especial e maravilhosa que fostes. Exemplo e sabedoria como esposa e mãe.

Esta crônica é meu presente para perpetuar o nosso amor!


Nestes tempos atrás, na Rural Willys, verde militar do papai, seguíamos cheios de amor, felizes, pela rua Carapinima até a oficina mecânica do Tavares. Eram 17 de outubro de 1972 e íamos pegar galhos de Fícus Beijamina para decorar a Igreja do Líbano. Aquele era o dia em que receberíamos o belíssimo sacramento do matrimônio; começava uma nova história, nascia uma nova família, a Nóbrega de Oliveira.

Decorridos quarenta anos de união, vivemos também uma história de purificação na água, como viveu Noé no dilúvio (quarenta dias e quarenta noites), de purificação na alma, como viveu Moises no Êxodo (quarenta anos) e de purificação no espírito, como viveu Jesus no deserto (quarenta dias e quarenta noites) com fome e sofrendo tentações. Todas estas passagens de purificação também vivenciam a nossa caminhada ao longo dos nossos quarenta anos de casados, construídos com as graças de Deus que nunca nos abandonou.

Nossa história foi uma história de amor, muito amor, construindo nossa paz na unidade, semeando nossas sementes na comunhão e colhendo nossos frutos no labor intenso enfrentado com garra e disposição.

Bebendo da mesma fonte, superamos em muito as tribulações vividas e valorizamos os momentos de harmonia conseguindo construir uma bela família. Bela por dentro e por fora. Bela na moral e nos princípios éticos. Bela nos horizontes de cada um, nas uniões que resultaram e nos novos frutos que frutificaram.
Nestes anos, que representam o rubi da nossa vida, agregamos pérolas, que transformaram nossa condição de ter em sermos co-autores da criação, como Deus desejou para que suas graças derramadas se transformassem em graças recebidas.
E estas perolas, que hoje são o nosso maior tesouro, frutificaram outras, perpetuando a nossa união como unidade espiritual na eternidade.

Em ti, Leda, meu amor, meu maior tesouro, minhas raízes encontraram terreno fértil para a perpetuação deste tempo que se passou para um novo tempo de contemplação, onde todas as nossas conquistas são transformadas em redutos de paz e muito amor.
Nossa aliança, hoje, se renova e nos realiza como casal provedor da espiritualidade na nossa família, como referencial para as gerações futuras.

Que Deus nos abençoe nesta nova caminhada que se refaz e que sejamos felizes nos nossos projetos e realizações tão merecidos e tão desejados.

Te amo muito!

Casal: Alvaro de Oliveira Neto e Lêda Maria Nóbrega de Oliveira
Casamento: 17 de Outubro de 1972
Filhos:
Camille Nóbrega de Oliveira                1973
Lúcio Flávio Nóbrega de Oliveia          1975
Alvaro Augusto Nóbrega de Oliveira    1984
Louise Nóbrega de Oliveia                   1986



Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 17/10/2012

sábado, 6 de outubro de 2012

O ABRAÇO DE UM VENCEDOR

Fotogafia: Priscilla Barbosa
Tratamento e edição de imágem: Kuarup Mawutzinin
Personágem: Alvaro Augusto Nóbrega de Oliveira
Cidade: New York



Hoje acordei com o sentimento de que seria um dia especial. O sol mais sol, o céu mais céu, o verde mais verde, as cores mais intensas, o dia mais felicidade, a cidade mais poesia, o olhar mais profundo, a alma mais contrita na paz do mundo.
Deus falava ao meu coração!

Deparei-me, ao iniciar minhas atividades, com esta fotografia belíssima postada no meu Facebook. Raros os momentos em que se transfere, com um simples olhar seguido de um click, tanta informação com tanta beleza.

Nela a natureza se queda ante a ação do homem sem perder sua grandeza e fala para o coração que sonhar é mais do que um simples pensar. É acima de tudo uma atitude de prazer que penetra
no mais profundo do ser e faz do sonho uma posse, abrindo-se na mente um querer constante de vencer.

Vencer é o carisma dos que sabem olhar o mundo com gratidão e não se curvam às necessidades de buscar sempre um horizonte, ainda não atingido e plenamente viável pela capacidade que se coloca dentro de si, com conquistas elevadas além do prazer de ser vencedor.

Um abraço em New York, a cidade cosmopolita que compreende todas as conquistas universais e representa a síntese do mundo moderno, é a postura assumida pelo personagem, um vencedor, que traz na alma o desejo de crescer. E crescer é exatamente o verbo conjugado por ele quando do alto contempla o mundo com uma atitude de vitória e ao mesmo tempo alegria, fé e esperança.

Este é o sentimento que nos informa o olhar do olhar que capta a verdadeira mensagem de quem quer transmitir as profundezas de sua alma e transformar seu tempo em tempo de frutificar.

Contemplar a verdade com atitude de grandeza, faz do homem o próprio desejo de Deus em perpetuar na sua criação o dom da vida.


Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 06/10/2012

terça-feira, 2 de outubro de 2012

SONHOS E REALIZAÇÕES




Aos quinze anos o meu sonho era ser Psicólogo. Caminhar nos segredos da alma compensava minha necessidade de conhecer. Fazia-me tomar posse de tempos perdidos. Mas aos poucos a arte foi tomando conta do meu ser e tomando conta também dos meus desejos mais profundos. Criar, conceber era algo novo e me fazia observar de tudo o que me rodeava. Transferia para a tela a alma do que eu olhava. Daí me nasceu, na pintura, uma arte figurativa, que levou-me aos caminhos do abstrato e finalmente descobrir os volumes da arquitetura.

Lê Corbusier e Oscar Niemeyer despontavam como expoentes e aquilo me fascinava.
Brasília era um marco que transformava o Brasil artística e historicamente; era a liberdade invadindo a alma do artista brasileiro e esta invasão preencheu meu espírito.
Parti para o Rio de Janeiro. Fui estudar na Faculdade de Arquitetura da Universidade Nacional do Rio de Janeiro. Primeiro lugar no vestibular e o reconhecimento da minha capacidade de vencer.

Em 1965 iniciou-se no meu ser o desejo de conquista e a certeza de que eu podia. Dois anos de Rio de Janeiro e voltei para Fortaleza ingressando na Faculdade de Artes e Arquitetura da Universidade Federal do Ceará. Faculdade modelo e que representava, então, o melhor que se tinha em ensino de Arquitetura no Brasil.

Formei-me em Arquitetura e Urbanismo e fui para a tão sonhada Brasília, chefiar a Secção de Arquitetura da NOVACAP (Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil). Tive neste tempo contato permanente com celebridades da época, inclusive Burle Marx e Sergio Bernardes. Com dois anos e meio, depois de passar na assessoria da Diretoria de Edificações, como seu substituto imediato, deixei a Companhia e alcei novos vôos na área empresarial. Eu era um empreendedor nato, vocacionado pela vivência que experimentara ao lado do meu pai em tantas empreitadas.

Segui os caminhos da arquitetura e do comércio abrindo lojas de moda juntamente com a minha esposa. Percebi nela, também, o carisma comercial e trabalhei para desenvolver este dom, que aflorou como um furacão, dando-nos imediatamente frutos abundantes.
O fato é que o comercio nos trouxe melhores resultados financeiros e a moda começou a correr intensamente no meu sangue.

Daí, em 1982, nasceu em Fortaleza a Granffa Indústria de Confecções Ltda. Buscávamos suprir a deficiência que existia na criação de moda gestante e logo fomos premiados como os melhores deste seguimento no Brasil. Mas o destino quis mudar o nosso rumo e em meio a tribulações, causadas por questões de saúde, fomos obrigados a fechar a indústria e prosseguir no mercado como varejista.

Diminuímos a intensidade de trabalho até resumi-lo em uma única loja no Shopping Center Iguatemi, que hoje é especializada em moda tamanhos grande, senhoras e na terceira idade.

A moda me levou aos caminhos da pós-graduação em Marketing e a busca incessante pela excelência.
Hoje, junto da minha esposa, com a qual sempre caminhei em todos os empreendimentos, minha companheira inseparável de todas as vitórias, divido meus conhecimentos, com ela e meus quatro filhos, meus parceiros de loja e minha liberdade.
Sou um homem plenamente realizado!


Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 02/10/2012

domingo, 9 de setembro de 2012

COMO ERA DIFERENTE A MINHA PRAIA DO MEIRELES!


Inicio das obras da Avenida Beira Mar na década de 60.
Prefeito de Fortaleza: General Manuel Cordeiro Neto.















Era tudo tão diferente!
O mar tinha seu próprio espaça e num simples abraço engolia pedaços de praia, deixando na areia, umedecida, sua marca enegrecida, orlada pela espuma branquinha que a gente tinha até vontade de comer pensando ser algodão doce. Eram nossos sonhos e travessuras de criança, trago-as na lembrança como que se hoje fosse.
As ondas quebravam na paia e avançavam adentrando as casas, que ficavam na orla, obrigando, algumas, a construir quebra mar. Mas estes eram de pedra, belas, perfeitas, dispostas livremente, mas pareciam fazer parte da paisagem, não perturbavam o meio ambiente.
Todo o espaço era do mar e tinha que ser respeitado. Nas ressacas ele não tomava conhecimento da agressão de poucas obras que realçavam a construção local. Destruía tudo e depois tudo se reconstruía novamente. Era quase um delinqüente tentando se arrumar, tentando preservar seus espaços; vislumbrando que um dia o perderia, o progresso ia avançar.
Inconsequência do homem que não sacia a fome de poder, de possuir, de ter. Barreiras de concreto elevaram-se aos céus, ao leu, um desrespeito à beleza da beira mar. Barreiras de pedra foram colocadas de mar adentro tirando todo o encanto das ondas a quebrar e correrem livremente, espraiando-se, dominando o seu ambiente.
Tudo mudou! O mar sabia que um dia a liberdade lhe seria tirada. A cidade ia avançar com requintes de tecnologia. Foi bater em outras praias, destruir outras casas que chegaram também à orla. Alguém tem que pagar a agressão à natureza.
Como era diferente a minha Praia do Meireles!



Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 09/09/2012





sábado, 25 de agosto de 2012

CIDADE DE MURO BAIXO

Orla do Meireles na década de 60



Na década de sessenta Fortaleza ainda era uma província. Mesmo com alguns raros requintes, ainda vivíamos na paz.
Meu avô chamava “cidade de muro baixo”. Assim dizia porque todos se conheciam. Fosse no clube ou cinema as caras eram as mesmas.
O hoje valorizadissimo bairro Maireles ainda era constituído de terrenos vazios com muitos cajueiros. Os pássaros cantavam e alçavam vôo livremente. Eram em galhos de arvores que pousavam e faziam seus ninhos e se alimentavam dos frutos e incetos. A natureza agradecia e a criançada, correndo no areia, descalça, era sadia.
Neste ambiente passei minha infância e adolescência. Explorei toda esta área sem o requinte das manções e luxuosos prédios de apartamentos. Era muito bom! Nada mudava a tranqüilidade do Meireles neste período.
A paia, destituída dos arranha-céus, dominava imponente a costa emoldurada por casebres onde moravam pessoas simples e felizes. Todos os dias eu caminhava onze quadras para ir namorar. Sem iluminação pública, com postes sem luz, algumas aqui outras acolá, mesmo assim nada de violência. Voltava para casa às onze horas da noite, caminhando, solitário, não tinha viva alma. Nada acontecia! O Espírito de Deus pairava sobe nós! Tempos que não voltam mais! Tempos da Maria Pescocim e do Chico, filho dela, que marcaram minha infância, porque moravam numa casinha de taipa nas quadras que ladeavam a Av. Barão de Studart. Era uma lavadeira sem nenhuma instrução, mas tinha a casinha dela e o Chico freqüentava o nosso meio. Nunca ouvi falar em drogas, violência e eram tão pouco os carros de passeio, que não conhecíamos engarrafamento. Ainda era uma Fortaleza bela!


Alvaro de Oliveira
Orlando, 25/08/2012

terça-feira, 10 de julho de 2012

AVENIDA MONSENHOR TABOSA - Um marco do Prefeito Juracy Magalhães


A Avenida Monsenhor Tabosa, em Fortaleza, sempre foi sucesso no fluxo turístico. Em 1992, o então Presidente da Associação dos lojistas, Armando Pereira, homem empreendedor e de visão, vislumbrou a possibilidade, política, de conseguir junto à Prefeitura, uma reforma na avenida. Estava feia e mal conservada.

O publicitário Ronald Pedrosa foi o grande elo de ligação com a Prefeitura e  depois de alguns encontros, sempre regados a um delicioso churrasco, ficou acertado com o Prefeito Juracy Magalhães e sua equipe a realização da obra de reforma. Pedimos ao Prefeito para indicar um arquiteto da sua equipe, o que fomos atendidos prontamente. Dias depois estávamos mostrando a maquete para o Prefeito, a imprensa e os lojistas.

Todos ficaram encantados e o Prefeito exultava de felicidade com os resultados. Agora restava dar início à empreitada.
Defendia-se que ela deveria ser realizada por etapas de cem metros para que não prejudicasse o comercio local. Seria uma obra longa e talvez inacabada se o candidato do Prefeito perdesse as eleições. Dei a idéia, que foi a vencedora, de demolir toda a pavimentação da avenida, começando num sábado à noite e varando a madrugada. Isso evitaria uma possível intervenção dos lojistas contrários à idéia.

Fui no Jornal O Povo e pedi para o grande amigo Demócrito Dummar dar a cobertura publicitária necessária. Na segunda feira seguinte a avenida amanheceu toda quebrada, com crateras de até dois metros de profundidade e o transito de pedestres fervilhava buscando as lojas, sem incomodo, acreditando no êxito da novidade.
O trabalho do Jornal foi perfeito e imediatamente os outros veículos aderiram. O resultado é que, com quatro meses, a obra estava concluída e inaugurada, com a presença glamurosa do estilista Clodovil Hernandez.

Depois conseguimos que a Câmara de Vereadores aprovasse um Projeto transformando a Monsenhor Tabosa numa avenida 24 horas, com calçadão e aspecto de Shopping Center. Toda coberta! Infelizmente até esta data não existiu interesse político para tal empreitada. Vem ai a Copa do Mundo. Quem sabe!

Ao Dr. Juracy Magalhães nossa homenagem.
Um grande prefeito!
O melhor que Fortaleza já conheceu...

Agradecimentos à equipe do Prefeito: Antonio Cambaia, Marcelo Teixeira, Marcos Teixeira, Tomaz Rocha, Maria Clara Nogueira Paz, Iranildo Pereira.

Diretoria da Associação dos Lojistas da Monsenhor Tabosa : Armando Pereira, Alvaro de Oliveira Neto, Ernesto Balreira, Alfredo Abdon.



Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 10/07/2012

sábado, 30 de junho de 2012

POÉTICA DO AMOR QUE CURA







            A tarde estava caindo e de repente o ocaso rompe o silêncio de nossas vidas. A ferida estava lá, dentro do seio, que a tantos veio e da vida somente tinha pra dar. Viveu, como se vive, peregrina, cumprindo, caminhando, no seu mundo de dar, mesmo sem receber. Cumpria seu dever!
            O medico, que não tinha o remédio, se pôs a pensar:
- Que remédio vou dar, se de nada sei estar, se nada posso ver.
O Medico, dono da vida, que sabia das mentes sofridas, dos momentos de anseios, dos meios, colocou na sua vida o medico que sabia do dar. Sabia do prazer de curar. Sabia da beleza, da natureza, do comungar. E o Medico, que cura, rompeu o silêncio, o ocaso da vida e com sabedoria incontida, fez a aurora chegar. Aurora que iluminou e que agora, explode de dentro pra fora, e a faz mais bela que outrora. É um amanhecer especial que transforma e dá nova forma a vida abençoada de quem só ofereceu amor.
            E assim termina essa história, que componho agora, sem saber como terminar, porque o Medico da vida, dono da felicidade, volta e meia invade, cá dentro, o nosso lar.


Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 30/06/2012

quinta-feira, 28 de junho de 2012

O CORAÇÃO RECLAMA ESTA PAZ



            



            Ontem eu cheguei em casa com desejo. Se fosse mulher diria que estava grávida. Era um desejo imenso de comer mexidinho de arroz com ovo.
Pense!
Deu água na boca não foi?
É muito bom!
Fui eu mesmo para o pé do fogão preparar a minha iguaria, que por sinal sou expert. Faço o melhor mexidinho de ovo da paróquia. Ingredientes na mão, começo minha proeza quando a Leda entra na cozinha e se depara com a marmota. “Vixe!” Ta com saudades do tempo de solteiro? É a cara da tua casa! Eu chegava lá de surpresa e você estava jantando mexidinho preparado pela dona Eneida.

            Aprendi com ela. Que mãe maravilhosa eu tive! Além de todas as coisas boas que me passou, também me ensinou a gostar das coisas simples. Simples, mas que todo mundo gosta. E ela fazia aquele prato como se estivesse cozinhando a mais suculenta iguaria. Com amor e um sorriso nos lábios. Com felicidade e um carinho especial que somente ela conseguia passar.
O carinho começava na compra do ovo. Era um ritual. Toda semana passava a dona Maria com um cesto de ovos debaixo do braço. Gritava na porta lá de casa e a dona Eneida, mãe maravilhosa, saia rebolando os quartos para conferir. Com uma panela de água ela ia colocando ovo por ovo, dentro, para ver se estavam bons. Se boiava estava goro. E assim ela escolhia os melhores ovos de galinha pé duro.
E eu ganhava o melhor mexidinho e muita marra e energia para as traquinagens de adolescente.
Bons tempos de outrora!
O coração reclama esta paz.


Alvaro de Oliveira
28/06/2012

quinta-feira, 7 de junho de 2012

MEU CORAÇÃO CHOROU

Fotografia: Alvaro de Oliveira


            Hoje eu acordei com um sol maravilhoso. Um céu belíssimo. Dignos de um feriado de Corpus Christi.
Podia, sim, louvar a Deus pela criação!
De repente uma Lavandeira cruza o meu caminho e me remete a meus tempos de infância na rua Silva Jataí.
Na minha casa, elas faziam ninho no pé de pitombeira que tinha no quintal.
Era tudo tão natural! A natureza era exuberante e nós víamos da varanda toda a orla marítima do início da avenida Barão de Studart.
Nesta praia eu vivi minha infância mais bonita. Ali eu jogava bola, nadava, pegava carretilha (jacaré), vivia minha inocência.
Hoje eu moro há uma quadra do mesmo lugar.

                        Hoje o sol continuava belíssimo como o de outrora. O céu estava belíssimo como o de outrora. Hoje, com o mesmo olhar, com este dia maravilhoso, eu buscava os mesmos encantamentos de outrora, na Lavandeira que cruzou meu caminhar.
Quanta decepção no olhar!
Minha mente, inesperadamente, recebeu um choque do progresso. Aquela esquina, outrora linda, foi dilacerada, destruída. O mesmo progresso, que rouba toda a biodiversidade no mundo global, devastou toda a natureza e assassinou a beleza da minha praia.
Meu encanto de infância foi destruído.
                       Clamei socorro ao Jesus criador presente em corpo e sangue na minha eucaristia.

                        Meu coração chorou diante de tanta agressão!



                                                                                                          













Avenida Barão de Studart antiga
Foto de Nirez                                                                                                                                                                      

                                                                                                                          Lavandeira

Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 07/06/2012

quinta-feira, 17 de maio de 2012

OS VILLAS BOAS, HERÓIS NACIONAIS!


            Os tropeiros conversam agora sobre a caçada: cada um salta em defesa do seu cachorro predileto.
            - Quem acho premero a porcada foi o Roncador – diz Ferreira.
            - Ta doido quem num conhece o Seguro barrando, moço! – replica Santana.
            - Seguro ta veio, Santana – volta o primeiro.
Qui ta veio eu sei, mas aqui num tem cachorro qui dê num rasto dum bicho e qui depois de pegá num larga mais, isso num tem. Veja a onça doutro dia. – argumenta Santana.
            - Esse nogoço de sê veio num infrói. Eu cunheço um veio no Piauí, veio memo, que põe roça, lida com gádu e inda caso cum moça moderna [nova] – entra na conversa Mariano.
            - Para, mariano. Nóis ta falano em cachorro e ocê vem cum gênti; isso lá é jeito, moço? – protesta Zequinha.
            - To só veno. Ninguém fala na Gestapo. Aquele porco ali – aponta uma manta no varal -, foi ela que trouxe pro ponto da 44. Foi só vê, arrastei o dedo. Agora ta aí pro cês cume – acrescenta, rindo, Piauí.
            - Ta doido, que nego mitido, gênti – observa Mariano.
            - Óia, Piauí, eu num sô muito branco, mais nêgu oxidado qui nem ocê e o juâo nem deve entrá na cunversa dus cráru que nem nóis – fala Elias.
            Risada geral. João e Piauí riram também.

            Esta conversa, belíssima, deu-se em dezembro de 1945 e foi narrada por Orlando Villas Boas no livro “A Marcha Para o Oeste”.
Ela ilustra muito bem a saga do nordestino que, juntamente com este herói, desbravou a região onde hoje está implantado o Parque Nacional do Xingu. Área de preservação indígena e da natureza.
Heróis que foram esquecidos nos livros de história e que nada representam hoje para nossa juventude.
            Por sinal, neste fim de semana perguntei a jovens da década de 70 se eles sabiam quem era Orlando Villas Boas. Nenhum soube responder. Em seguida perguntei se sabiam quem era Luis Carlos Preste. Todos já tinham ouvido falar e ligavam o nome à luta contra à revolução militar.
            Lamentável!
            Mal sabem eles que Prestes, o criador da Intentona Comunista, juntamente com a sua esposa, a alemã Olga Benário, tentaram tomar, a força, o poder de GetúlioVargas e implantar o comunismo no Brasil. Foram estes dois Terroristas, a serviço da Russia, assassinos, que mataram a jovem de 18 anos, Elza Fernandes, militante do partido, acusando-a de entreguista. Depois ficou comprovada que ela nunca tinha cometido este ato.
            Heróis nacionais como os Villas Boas são raros e esquecidos pela história.
            Nossos heróis nacionais foram enterrados pela cultura...
            Quem sabe a história, um dia, resgate esta nossa verdadeira memória!


Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 17/05/2012

Fonte: O texto em itálic foi retirado do Livro "A Marcha Para o oeste" - Orlando Villas Boas e Cláudio Villas Boas - Companhia das Letras - 119
Informações sobre Luis Carlos Preste e sua esposa Olga Benário do Wikipedia.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

QUARUP


                      Gosto de ir à tardinha na cafeteria da livraria Saraiva, no Iguatemi, tomar um cafezinho Santo Grão, longo, com um pedaço de bolo de maçã com canela. Gosto do café bem forte e este é especialmente adequado ao meu gosto.
Segue-se sempre um bom papo com algum dos meus filhos e quando estou só, aproveito para folhear algum livro que me chama a atenção.
                      Ontem foi um deste dias que estava só e me encontrei navegando pelas folhas riquíssimas, em aventuras, dos Villas Boas. Estes três irmãos, Orlando, Cláudio e Leonardo, foram responsáveis pela criação do parque do Xingu, pacificação e preservação de vidas e cultura indígena, na região amazônica brasileira.
Verdadeiros heróis nacionais, que desbravaram e enriqueceram a cultura popular do nosso Brasil.
Ao contrário da coluna Prestes, que somente plantou a discórdia e o terrorismo, e é reverenciada nos nossos tempos, estes verdadeiros heróis pouco são lembrados.
                        Mas o interessante é que, folheando o livro “Orlando Villas Boas: Expedições, Reflexões e Registros”, busquei o diário referente ao dia 25 de Setembro de 1947 e ali estava registrado, que nesta data, os indígenas realizaram, na Aldeia, a festa do Quarup. Uma belíssima manifestação espiritual que homenageia a criação, o Criador e a criatura.
Emocionei-me! Foi o dia em que eu nasci...

Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 10/05/2012

domingo, 29 de abril de 2012

O LAZER DA PERIFERIA


                                               Primeiro dia, em Fortaleza, após uma temporada em Orlando. A gente fica desacostumado depois de imersão na civilização e o instinto observador aguça.
Cheguei no shopping para colocar os trabalhos em dia em pleno domingo.
Dia de passeio da periferia!
Esse povo passa a semana enclausurado no lixo e final de semana querem sentir um gostinho do luxo.
Vão pro Shopping!

Sobra para eles a diversão, falta para nós, que não temos culpa, o mínimo de princípios de educação.
Coitados, não têm escola! E o pouco que resta e consumida pela droga. Sim, a droga está invadindo as escolas e os adolescentes, na periferia, só assistem aula drogados e armados.
A professora que se cuide! Fica a mercê de vândalos que quando são contrariados destroem tudo. Inclusive vidas!

Mas, estes fenômenos sociais, escolhem o shopping center para seu lazer dominical.
O certo é que no elevador, onde gente civilizada faz fila, tem é ruma. É aquele bolo só de gente, se empurrando, a espera da porta abrir. E quando abre o grupo entra como bando sem esperar que os que estão dentro saiam. Neste empurra-empurra todos se salvam, mas fica no coração da gente uma amargura. Uma dor de saber que esta crescendo uma juventude sem rumo, refém dos tempos dos direitos humanos.

Quantos direitos serão construídos sem, no entanto, assumirem a responsabilidade ao direito primário da educação!


Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 30/04/2012

O BEM-TE-VI DAS 13:30HS


Hoje as 13:30hs, como todo dia impreterivelmente neste horário, recebi a visita do Bem-Te-Vi que pousa no alambrado da quadra de futsal em frente a minha janela. Mandou-me a sua mensagem de alegria num mavioso cantar.
Depois voou! Volta amanhã!
Remeteu-me aos meus belos tempos de criança. Com os colegas da rua Silva Jataí, ia caçar passarinhos, armados de baladeiras, no terreno baldio, repleto de cajueiros, onde hoje fica o Palácio da Abolição.
Entravamos, com o sentimento de grandes caçadores, prontos para matar. Nenhum tinha coragem para tal, tínhamos o coração mole. Findávamos chupando caju e contando prosa. Que delicia!
                                   Hoje, na mesma área, o Bem-Te-Vi vem me visitar diariamente. Quem sabe os pássaros tem o dom especial de transmitir através do seu cântico, de geração a geração, a sua história.
                                   Sinto-me gratificado com o canto das 13:30hs.
                                   Sinto como estivesse recebendo um canto de agradecimento.
                                   De amor!


Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 30/04/2012

sábado, 28 de abril de 2012

TERCEIRO MUNDO


                                   Chegamos bem mais cedo no aeroporto de Orlando para pegar o vôo para Fortaleza. Feito o chek-in, sentamos em frente e ficamos curtindo a chegada dos turistas para o embarque.
Lembrei-me do meu primeiro vôo. Foi num Douglas DC-3 da Varig. Neste dia também vesti o meu primeiro terno. Paletó com calças curtas, porque criança não vestia calças compridas. Os passageiros, todos, usavam terno e as mulheres vestidos e muito alinhadas.
A refeição, no avião, era servida em louça inglesa com talher de prata.
                                   Em Orlando, os passageiros começavam a chegar em grande quantidade. Trajavam jeans e camisa pólo para ambos os sexos. Alguns, bermudas e camiseta. Como os tempos mudam! Durante o vôo serviram um fraquíssimo lanche em depósitos de plástico com talher de plástico. Mas o grande contraste estava para acontecer na chegada. Enquanto em Orlando a organização, o respeito e o conforto, além de um aeroporto dos mais modernos do mundo,davam o tom à canção da satisfação, nossa chegada no aeroporto de Guarulhos foi um caos.
Pessoas se atropelando, empurrando, cortando fila, gritando. Salões lotados, aeroporto mal cuidado e pra completar nosso vôo, para Fortaleza, sem previsão de saída. Está longe, muito longe de sairmos de Terceiro Mundo!


Alvaro de Oliveira
São Paulo, 28/04/2012

sábado, 7 de abril de 2012

INCOMPREENSÍVEL


                                               Nunca vi o Mall at Millenia tão cheio. Povo por toda parte e as lojas lotadas. Pensei! Que crise é essa que se fala! Apurando mais os ouvidos vi logo! Eram os brasileiros invadindo o shopping.
Logo uma brasileira do Ceará que mora em Brasília, à muitos anos, sentou do lado da Leda, na fonte do hall principal, enquanto ela esperava que eu fosse pegar o carro no estacionamento lotado. Conversa vai, conversa vem, voltei com o carro pra estacionar novamente e resolvemos ficar mais um tempo papeando.
É assim mesmo! Cearenses quando se encontram as prosas rolam até o amanhecer! E a alegria!
                                               O fato era que a paranaense, que acompanhava a cearense, tinha perdido um filho com 24 anos e estava fazendo aquela viajem para espairecer. Para ela era incompreensível aquela perda. Muito sofrimento a perda de um filho tão novo. A estória era triste e a senhora se mostrava muito sofrida. Lá pelas tantas resolvi entrar na conversa e tentar dar uma explicação metafísica para a questão. Contei que quando eu era estudante e estava fazendo meu vestibular de arquitetura, na prova de desenho artístico, o professor tinha passado e pedido o desenho. Em seguida me mandou embora. Fiquei sem saber o que estava acontecendo e encabulado com o ocorrido. Resultado é que tirei 10 na prova. Conclui que se eu tivesse continuado a desenhar talvez estivesse estragado o desenho. Aquela atitude do professor era na realidade um premio. Esta senhora me olhou e disse-me:
- Entendi!
E as lagrimas rolaram!...
Os planos de Deus são incompreensíveis!


Alvaro de Oliveira
Orlando, 08/04/2012

quarta-feira, 4 de abril de 2012

FORTALEZA BELA!


                                           Com 10 anos de idade eu pegava o ônibus da linha Praia de Iracema na esquina da Avenida Barão de Studart com a Avenida Aquidabã ( hoje Rua Raimundo Girão ), em frente ao Clube dos Diários e descia na Praça Waldemar Falcão, no Centro da Cidade.
O motorista era o seu Manuel. Um homem decente e muito bem apresentado. Eu entrava e fica sentadinho, calado, no meu lugar até o ponto final. Descia do ônibus e seguia a pé, pela Avenida Duque de Caxias, até a RuaTeresa Cristina para tomar aulas de pintura com a Dona Maria Alice Nobre.
Esta paciente mulher me ensinou tudo o que sei hoje relativo as mistura de cores e técnica de pintura com óleo.
                                   Mas há de se destacar, na verdade, a criança de 10 anos, que seguia a pé pelo centro da Cidade e não era molestado.
Eram outros tempos estes dos idos de 1957! Não se falava em drogas! A criminalidade rondava unicamente com os ladrões de galinha que escalavam na madrugada os muros residenciais para assaltar o galinheiro.
                                   Também tínhamos medo, principalmente as mocinhas, dos “rabos de burro”. Termo popular que denominava aqueles rapazes mais audaciosos no trato feminino. Era mais uma forma das mães meterem medo nas crianças.
                                   Nestes tempos não se falava em drogas, nem criminalidade, nem traumas psíquicos, nem políticos desonestos, nem em globalização, nem em desemprego... Tudo era muito mais leve.
Vivíamos na verdadeira Fortaleza Bela! 

quinta-feira, 29 de março de 2012

MATERIALIZARAM DEUS!


Em nome de Deus os homens estão matando seus filhos, exterminando seus irmãos, tomando, saqueando, destruindo.
A loucura toma conta e a agressão desponta como se fosse defesa, sem medida, sem respeito aos direitos, sem olhos aos horizontes.
O mundo não só está morrendo de fome, está sem nome, morrendo sem conhecer a paz. Na guerra os novos donos do trono, transformam a terra num rio de sangue, sangue de inocentes, no solo mãe pátria, sem chão. Guerra pelo poder, guerra pelo dinheiro, guerra de traficantes, terroristas, dementes, signatários de pactos com o mal, estão deixando a terra em combustão, em total desintegração. É a dignidade roubada, sem licença, sem perdão, sem querer saber quantos vão morrer, tomados pela força, explodindo bombas humanas. Pobre coração que chora seus filhos vitimas da podridão que mata em nome de Deus!
Que governo detém sua soberania frente ao poder bélico que se expande e transforma medíocres em maquinas de destruição?
Ontem foi o povo do Afeganistão, depois o povo do Iraque, amanhã quantos serão? Quem sabe seremos nós, brasileiros, “quase donos” do único pulmão que agoniza ante a sanha dos predadores da natureza.
Nossa Amazônia! Já tida no exterior como patrimônio da humanidade. Até quando será nossa? Ou será que já não é mais? Se já entregamos outros patrimônios vitais a segurança nacional, se já perdemos o controle das telecomunicações, da energia, dos bancos, com certeza já existe algum papel preparando, digerido e defecado, declarando unilateralmente: Convocamos os brasileiros residentes na Amazônia a desocuparem imediatamente esta área, pois ela será ocupada, em nome de Deus, por estrangeiros, para o bem de todos e felicidade geral da nação!
Materializaram Deus!


Alvaro de Oliveira
Orlando, 29/03/2012
Esta Crônica escrevi em 11/09/2001

terça-feira, 27 de março de 2012

REFLEXÕES NO COOPER



Ontem, depois que concluímos o labore, ou seja, toda a limpeza e arrumação do apartamento que estava fechado, desde que fomos para Fortaleza, saímos para o nosso primeiro dia de Cooper.

É importante dizer que, aqui em Orlando, nós fazemos questão de realizar os serviços domésticos, mesmo porque, a mão de obra serviçal é muito cara e na verdade para nós é um lazer. Preencher com prazer o nosso tempo é uma das nossas metas. Também, aqui tudo é muito prático e os produtos disponíveis para limpeza são de muita eficácia. Desde o aspirador de pó, aos produtos líquidos, funcionam mesmo!

Mas voltemos ao Cooper. Quando saímos já eram 19 horas e o sol ainda estava bem forte obrigando a Leda a usar viseira. Saímos, como sempre, caminhando por entre árvores e gramados, com privilegiada vista para lagos e fontes. É insuperável a beleza que desfrutamos nestas caminhadas.

Depois de um tempo, caminhando, passei a refletir sobre a confusão que está o transito em Fortaleza e nas grandes cidades do Brasil. Um dia brinquei com meu sobrinho que mora em São Paulo e postou no seu Facebook:
                                   - Enfim pedalando na estrada!
                                   Respondi :
                                   - Que maravilha, respirando ar puro, puro fuligem!

Passei a contar as motos que cortavam os carros pelo estreito corredor entre eles e às vezes quebrando o retrovisor. Que espanto! Nenhuma! Aqui elas ocupam rigorosamente o lugar de um carro e praticamente não existem como condução do dia a dia. Menos de 0,1% em relação aos carros, com certeza. O americano, que dizem em dificuldade, ainda tem dinheiro suficiente e consomem e compram carros e não motos. O entregador de pizza usa um carro. Não tem moto boy, nem moto táxi.

Porque então sofremos tanto com nosso transito em Fortaleza que teve a última intervenção no sistema viário nos primeiros quatro anos de mandato do prefeito Juracy Magalhães? Será que o planejamento previa mais de 20 anos? Se assim foi, erraram! Está tudo errado!
Precisamos descobrir o Planejamento Urbano. E olha que temos uma Faculdade de Arquitetura e Urbanismo com competentes profissionais. Precisamos divulgar isso pelos jornais e televisão para que a população saiba das nossas capacidades e o poder público possa usar suas competências. É tempo de mudanças! Vamos usá-la!

Será que nossos governantes e legisladores não viajam? Será que eles desconhecem o progresso?

Para onde vão nossos impostos?


Álvaro de Oliveira
Orlando, 27/03/2012

sexta-feira, 23 de março de 2012

MACUMBA NA FLORESTA DA TIJUCA

Folheando a revista da TAM me deparei com uma reportagem sobre a Floresta da Tijuca. Imediatamente meus pensamentos viajaram para 1965, quando, por dois anos, morei no Rio de Janeiro.

Nos finais de semana, ir a Floresta, era um dos passeios favoritos do Tio Décio* e eu era o seu companheiro inseparável nesses passeios. Isso me agradava! E como ele se divertia! No caminho de ida sempre parávamos para comprar bananinha ouro e jaca. Ele descia do carro, pechinchava e ali mesmo se deliciava com as frutas, fresquinhas, vendidas na beira da estrada. Estes momentos já valiam o passeio. Confesso que na minha santa ignorância e timidez eu não entendia a dimensão daquele prazer. Mas era muito bom ver a felicidade nos olhos e no sorriso dele.
Pechinchava, mas sempre cedia, era um homem justo e bom. E a Tia Nini acompanhava na sua mansidão de sempre, sorridente, como se nada estivesse acontecendo.


Quando chegávamos ele se transformava. Virava pesquisador. Se embrenhava pelas trilhas, como se as conhecesse profundamente e ia me mostrando cada detalhe. Pra tudo tinha um comentário. Era uma delícia! Ele adorava este passeio e eu também. O fato é que o tio Décio queria mesmo era encontrar os despachos de macumba que se fazia na noite anterior. Não aquietava enquanto não achasse um. E quando encontrava, se agachava e começava a separar as coisas. Eram as velas, a cachaça, a galinha assada, sem nenhum receio. Ele se divertia me mostrando e comentando a crença. Pra ele aquilo era uma grande aventura e pra mim uma oportunidade de desfrutar da sua companhia.


Como eu aprendi com o Tio Décio!
Como sua simplicidade me influenciou!

Alvaro de Oliveira
Voando para Orlando, Fl
22/03/2012


*O Tio Décio é o Juiz Décio Xavier Gama, que ainda hoje mora no Rio de Janeiro, no bucólico bairro do Grajaú e é casado com a Tia Nini – Anadir – irmã do meu pai.

quinta-feira, 22 de março de 2012

IMPOSTO AO CONTRÁRIO


Hoje dedico meu tempo entre Fortaleza e Orlando. Duas cidades completamente diferentes em tudo. Nas duas eu vivo os meus momentos. Momentos conquistados plantando meus sonhos. Uma vida! Sonhos que dividi com minha querida, minha amada e linda Leda.

Nas duas cidades sou muito feliz. Na primeira eu nasci e a outra adotei e a chamo de Paraíso.
Difícil de entender? Não! Paraíso mesmo, esta é a melhor forma de descrevê-la em uma única palavra.

São valores que lá encontrei que me dão esse sentimento.
No momento digo de uma só vez:


Orlando não tem transito violento, nem violência no transito, não tem violência nenhuma, só sorriso de quem pensa.


Não tem mendigo! Se digo é porque sei! Não tem moto te cortando, nem buraco na rua, nem transito engarrafado.


Não tem galerias entupidas, não tem poluição! Lá é só um verdão! Um verde que toma conta de tudo e as ruas e as casas fazem parte dele.


Não tem carestia, porque não tem inflação e o nosso tostão vale mais que o deles.


Como seria bom se você, ai do Brasil, que me lê, pudesse mudar o nosso Brasil, pelo menos o meu Ceará ou a minha Fortaleza Bela, que dela se arrependeu.


É tanto buraco, tanta moto, tanta morte, tanta violência, tanto craque, tanta infelicidade, que nem o caranguejo com uma cervejinha, no fim de semana, na praia, dá mais conta de equilibrar as coisas.


Nem o futebol! Os craques foram tudos embora. Só resta a fuleragem! O Ceará e o Fortaleza, rebaixados, beleza, não fazem mais a alegria do pobre. Pra não falar do cenário nacional.

Você que é doutor vereador, que dor, ou amigo de algum, de alguém que faz leis, que faça ao contrario, tudo o que é horário, que fique anti-horário e quando a população sofrer e tiver prejuízo por falta de trabalho, saúde, educação, por excesso de buracos na pista, pela insegurança, que o governo invista pagando uma multa para o povo.


Quero ver se assim eles se ajeitam e fazem tudo direito!

Alvaro de Oliveira
Voando para Orlando
22/03/2012

EVANGELIZANDO NO SILÊNCIO


Ontem fui ao aniversário de 90 anos do tio Zé.
Em um certo momento, do alto de sua sabedoria, ele virou-se para a esposa e disse:
            - Ivo, acho que estou ficando velho!

O tio Zé é assim, evangeliza somente com sua presença. Ele é o viver no presente a Parábola dos Talentos.

A Vida é o grande ensinamento e o maior Valor que recebemos de Deus. É um dom insuperável a ponto de ter sido transformada em parábola por Jesus para que os seus o compreendessem.

O tio Zé, como todos nós, recebeu este dom da Vida, que tanto valorizou e começou a perceber com 90 anos que esta ficando velho.
Com certeza esta percepção fez com que ele fizesse, dentro do seu coração, uma revisão de tudo o que plantou e tudo o que produziu neste longo tempo. E sua satisfação foi plena porque para ele agora é que começou a velhice.

Dentro do seu coração pulsa a alegria de poder prestar contas com Aquele que lhe deu a Vida, os Talentos que prega a parábola.
E ele sabe que vai pode dizer:
            - Deste-me 10 e aqui tem mais 10!

Olhando para este homem, sinto uma imensa necessidade de saborear seus conhecimentos!
Mas, só no olhar para ele, e poder contemplar a sua alegria em reunir toda a família, ver ali, colado a ele seus frutos, todos frutificando em terreno fértil, me satisfazem o prazer de poder ser evangelizado no Silêncio.

Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 18/03/2012