Cruzamento da Av. Barão de Studart com Av. Abolição (anos 50)
Delicio-me com as imagens que recebi do Carlos Juaçaba.
Retratam os anos da minha infância, distante, não esquecida.
Quando eu ia pegar carretilha na praia dos Diários e jogar
pelada na areia da praia!
Quando eu ia caçar passarinho no cajueiral onde hoje está
erguido o Palácio da Abolição!
Quando eu ia soltar arraia no campo do América!
Tudo era tão calmo e belo no meu Meireles!
Interessante que lembro de detalhes da minha infância, como
não lembro do que aconteceu ontem. O tempo não perdoa! E não perdoou também a
ingênua paisagem que desmoronou com o câncer da intervenção urbana.
Tenho um grande amigo que está estudando, em profundidade, a
arquitetura do medo nesta área. Fui buscar alguma informação e descobri que a
Vila Johnson, obra de Oscar Niemeyer em Fortaleza, de 1942, já veio como uma
fortificação indevassável, ostentando muro de pedra altíssimo.
Será que o rei da cera de carnaúba já tinha medo do seu em
torno?
Pobres pescadores e prostitutas que lhe circundavam a casa.
Em nada se comparam com as violentas gangs da modernidade.
Eu vivi aquele tempo e confesso que nunca vi nem ouvi falar
em droga pesada. O mundo já tinha, mas não existia os meios de comunicação
modernos e as notícias caminhavam lentamente. Nos vivíamos a nossa realidade
simplesmente.
Nada de concreto armado, nada de cabos de fibra ótica, nada
de asfalto cruzando todos os caminhos. Tudo era natureza na nossa Fortaleza que
naquele tempo era realmente bela.
Contrapondo a beleza da fotografia que recebi do Carlos Juaçaba quero mostrar
o que hoje existe no mesmo local.
Cruzamento da Av. Barão de Studart com Av. Abolição (2013)
Sem comentários!
Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 24/03/2013