quinta-feira, 28 de junho de 2012

O CORAÇÃO RECLAMA ESTA PAZ



            



            Ontem eu cheguei em casa com desejo. Se fosse mulher diria que estava grávida. Era um desejo imenso de comer mexidinho de arroz com ovo.
Pense!
Deu água na boca não foi?
É muito bom!
Fui eu mesmo para o pé do fogão preparar a minha iguaria, que por sinal sou expert. Faço o melhor mexidinho de ovo da paróquia. Ingredientes na mão, começo minha proeza quando a Leda entra na cozinha e se depara com a marmota. “Vixe!” Ta com saudades do tempo de solteiro? É a cara da tua casa! Eu chegava lá de surpresa e você estava jantando mexidinho preparado pela dona Eneida.

            Aprendi com ela. Que mãe maravilhosa eu tive! Além de todas as coisas boas que me passou, também me ensinou a gostar das coisas simples. Simples, mas que todo mundo gosta. E ela fazia aquele prato como se estivesse cozinhando a mais suculenta iguaria. Com amor e um sorriso nos lábios. Com felicidade e um carinho especial que somente ela conseguia passar.
O carinho começava na compra do ovo. Era um ritual. Toda semana passava a dona Maria com um cesto de ovos debaixo do braço. Gritava na porta lá de casa e a dona Eneida, mãe maravilhosa, saia rebolando os quartos para conferir. Com uma panela de água ela ia colocando ovo por ovo, dentro, para ver se estavam bons. Se boiava estava goro. E assim ela escolhia os melhores ovos de galinha pé duro.
E eu ganhava o melhor mexidinho e muita marra e energia para as traquinagens de adolescente.
Bons tempos de outrora!
O coração reclama esta paz.


Alvaro de Oliveira
28/06/2012

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